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O que atrapalha a vida?

 

O tempo, o livro e o dinheiro

Dion Teles, fevereiro1998

Charge do cartunista Laerte (www.laerte.com.br)

 

(aqui, versão texto, para imprimir)

À Muitos e Muitos Anos...

Imagino que cada um chegou à idéias do estilo de vida que pretende levar por uma forma ou por outra. Gostaria de dividir com vocês a minha experiência e como eu cheguei nestas linhas que pretendo expor, de uma forma de viver neste mundo:

Logo depois de me formar eu tive uma grande "crise de formando", da qual eu cria estar imune. Afinal, é daquelas coisas que só acontecem com os outros. Talvez eu até pudesse escapar uma grande parte da tal crise, não fosse o final de um longo namoro ter abalado grandemente todas as certezas que eu tinha no mundo. Eu tinha resolvido então colocar tudo por terra e reconstruir sobre aquilo que fosse sólido o bastante para sobreviver à essa devastadora faxina cefálica.

Até então minhas perspectivas eram bem outras. Eu tinha feito estágio na Saint-Gobain, grupo que controla a Vidraria Santa Marina, Norton e Carborundum no Brasil. Tudo encaminhava para um emprego na Santa Marina, pelo qual eu me sujeitaria à São Paulo, onde poderia conviver com minha então namorada Simone. Nunca aceitei a idéia de criar meus filhos em Sampa, mas já cogitava morar lá.

Virando tudo de perna por ar e descobrindo que a "vida não me mostraria o caminho" de graça, como me parecia quando caiu o mestrado no meu colo, eu comecei tentar destrinchar, sem muito sucesso, a famosa questão: o que quero ser na vida.

Tinha muita dificuldade em encontrar a resposta, portanto a pergunta não parecia correta. Carreira acadêmica? Indústria? Micro empresário? Executivo de sucesso endinheirado? Trabalhar com meu pai? Todas as respostas rodavam em torno do trabalho. Acontece que as únicas coisas que eu tinha certeza eram que:
- eu não queria morar em Sampa nem em nenhuma grande cidade (isso para alguém que fez um curso de engenheria, voltado para a indústria...);
- não queria ter todo o meu tempo consumido pelo trabalho somente;
- queria ter tempo para a música, a fotografia e ver meus filhos crescerem;
- tinha vontade de conviver mais com meus pais;
- não queria abandonar os valores simples, ainda que espartanos, que eu aprendera em São Carlos.

Nesta época fiz um curso na Universidade Virtual (Inet) sobre "tomar um rumo na vida" (Registar@horizons.org). Afinal, a vida não mostra o caminho, mas dá o mapa. Esse curso se baseava sobretudo na descoberta dos seus próprios valores e princípios. Uma vez definidos, procurava-se uma solução profissional que se encaixasse neles.

Eu precisava pensar à respeito. Não é algo que se faz da noite para o dia. E já que era para pensar, nada melhor do que pensar ganhando dinheiro e experiência. Assim vim para na Embraer, sem ganhar tanto dinheiro assim e sem sobrar tanto tempo para pensar. Mas essa é outra história :^)

Hoje coloco estes valores assim (adaptando de algo que escrevi para meu pai à um tempo atrás)

- Creio que o motivo principal de Viver é o crescimento espiritual (aprender e construir). E creio também que este se dá através da nossas relações com outras pessoas e entidades. Essas relações podem ser diretas (face à face) ou indiretas (livros, música, cinema, teatro...). Prentento portanto procurar ter um tipo de viver que maximize as relações ricas, com pessoas interessantes e com convívio intenso, com tempo.

- Procurar o simples. Como já falava Cézanne (creio) "Simples é o Contrário de Fácil". Procuro o Simples: usar o necessário, nem mais, nem menos. Não prentendo ter uma vida de privações, mas ter uma vida simples. O grandes prazeres da vida, para mim, são simples. Um pé de mangericão fresco, por exemplo. Cheiro de pão assando. Boa música. Boa prosa.

- Ser poeta no sentido grego: aquele que usa bem o ambiente onde vive.

- Outro grande lider espiritual neste sentido é o grande Balú, o urso de Mogli, o Menino Lobo, que cantava:
"Eu uso o necessário/ somente o necessário/ o extraordinário é demais/ Necessário, somente o necessário/ por isso é que esta vida eu vivo em paz..."
Desperdícios diversos que alimentamos: grandes cidades, consumismo, automóvel (em muitos casos)... (Você sabia que o Instituto de Engenharia de São Paulo estima que se desperdissem 10.000.000 R$ por ano com engarrafamentos? Tendo-se um carro para cada dois cidadoões, seria algo como 2000 R$ por pessoa/ano. Seria equivalente a 254h do meu trabalho na Embraer, ou um mês e 34 horas).

- Não me contentar com pouco. Sempre tentar conseguir fazer o melhor possível.

- Procurar sempre o equilíbrio. Essa é uma tonante que me acompanha a tempo.

- Oração de São Francisco, que não faz mal a ninguém

Existem alguns outros tantos tópicos que eu poderia escrever, mas que são pessoais demais. Estes mesmo já estão um pouco em excesso, sendo mais uma curiosidade. Porém vale nos concentrarmos no primeiro:
O motivo de nossa existência é o crescimento espiritual. Acho que tudo o que será discutido aqui depois vem deste mote. Aliás é isso que faz toda essa idéia de estilo de vida uma opção com um quê de religioso. Existem aqueles que viram padres, freiras, monges, pais de santo, etc. Eu estou procurando uma forma de vida que traga a experiência espiritual que busco.
Mas vamos deixar todo esse papo de "a nivel de de repente" de lado e, mesmo que você tenha motivos diferentes para chegar à este mesmo fim -ou mesmo nem queira mudar nada na sua vida- gostaria de convidá-lo para um colóquio um tanto mais prático:

"O que lhe impede de ler todos os livros que você gostaria de ler, de ver todos os filmes que você gostaria de ver ou de prosear mais com seus amigos? Tempo ou dinheiro?"

Vamos por alguns pontos sobre essa equação no capítulo que entra:


O livro, o tempo e o dinheiro

Um livro que li sobre administração do tempo (L'Art du Temps - Autor?) propunha a seguinte experiência: substitua nas frases corriqueiras a palavra "tempo" por "vida".

- "Estou gastando tempo demais com isso" passaria a ser "Estou gastando vida demais com isso"
- "É um absurto desperdiçar meu tempo em filas de cartório" mostraria "É um absurto desperdiçar minha vida em filas de cartório"

Faça essa brincadeira...

Aqui buscamos formas de ter o máximo de tempo que possa ser aplicado sem necessariamente fins lucrativos. Isto é, ter o máximo de vida que possa ser gasta sem necessariamente ganhar dinheiro.

Pois vamos procurar esse tempo perdido:
Na balança financeira de cada um temos de um lado os vencimentos e do outro os gastos, incluindo o dinheiro separado para reserva. Aqui vamos pensar um pouco sobre cada lado desta balança: diminuir os custos e aumentar os rendimentos.

Diminuindo os custos . Não seria grande vantagem cortar nossos gastos por deixar de fazer coisas que julgamos importantes. Viagens, cinema, boa comida ou o que quer que seja julgado importante deve ser preservado. Vamos procurar chegar neste objetivo de três formas:

Um- Procurar eliminar os "custos redemoinhos". Redemoinhos são estruturas que encontramos na natureza e que devem sua existência à constante discipação de energia do meio aonde existem. Essa energia é gasta de forma não produtiva, pois a única coisa que ela gera é o próprio redemoinho. Chamo aqui de redemoinho esse tipo de gasto não produtivo.
Um exemplo de "custo redemoinho" é o engarrafamento de automóveis. Um engerrafamento não produz nada e só deve sua existência à energia que cada pessoa que dele participa injeta. Afinal, não há congestionamento em ruas vasias.
Não vejo como eliminar os engerrafamentos à curto prazo, mas podemos sempre evitá-los. Ao procurar um cenário de vida onde não haja engarrafamentos, estaremos eliminando diminuindo nossos dispêndios sem abdicar de nada de prazeroso (e ainda ganhando mais tempo livre!)
Outros "custos redemoinhos" que me ocorrem são grifes, alarmes contra roubo, segurança, flanelinhas, propaganda (quem você acha que paga por ela?), moda, shopping-centers, a capacidade ociosa da Votorantim para cimento, cidades grandes e, em vários casos, impostos.
Vimos acima que um paulistano gasta, em média, R$ 2.000 por ano com engarrafamentos. Em um artigo da Scientific American estima-se que um cidadão neste planeta gasta de 10 à 15% de seu salário em transporte por carro; ou 3 à 5% em transporte público. Bem, converta esse valor em mais tempo para ler. Depois converta tempo em vida...
Os impostos aqui, beirando 35%, representam um terço da sua vida produtiva trabalhando para pagar impostos cujos benefícios muitas vezes não vemos; e outras tantas vezes vemos gastos na inútil luta de tornar cidades enormes e mal administradas em lugares um pouco menos insurportáveis. Não chego a propor sonegá-los, mas alguém tem dúvidas sobre a diferença do valor do IPTU de São Paulo e de Tremembé?
Os outros custos são, pelo menos agora, difíceis de estimar.

Dois- Outra forma de diminuir os custos é simplificando a vida. Será que é mesmo necessário instalar um portão eletrônico em casa? Será que uma máquina de lavar pratos é realmente algo fundamental? Será que ter um apartamento no centro com três quartos e duas vagas (e seu gasto mensal com condomínio) é fundamental? Tomemos o exemplo do carro, que depois da moradia é um dos bens mais caros do indivíduo de nossa sociedade:
Vejamos um carro dito popular, que custa cerca de R$11.000. Baseado na Folha de São Paulo de domingo, 22 de março, podemos ver que um carro nesta faixa de preço (Palio, Corsa e Fiesta) desvalorizará 5% no primeiro ano. Ainda temos que o valor investido neste carro, se estivesse investido no, digamos, Real FIF DI 60, renderia 17,1% no ano passado (incluindo imposto). Se somarmos o que nosso investimento (o carro) depreciou ao que ele deixou de render, dá cerca de R$2.400.
Para uma pessoa que entende de mecânica e pode minimizar os gastos com manutenção de um carro mais antigo, ter um carro novo pode ser algo dispensável. Um fusca com com 15 anos de idade custa R$2.475 e desvaloriza 5.6%. A mesma conta dará RS 560. Claro, essa análise é um tanto simplista, até mesmo porque comparamos um fusca à um carro, mas se eu pudesse deixar de ganhar a diferença, já seria mais um mês para ler o tal livro...

Três- Economia de escala. Esse talvez seja o ponto mais representativo nesta diminiução de custos.
Quando eu morava sozinho em um apartamento de dois quartos eu gastava praticamente todo o meu salário para fechar as contas do mês.
Quando mais dois colegas vieram dividir este espaço, pude passar a economizar cerca de um terço do meu salário.
Hoje, aumentando em cerca de 30% os meus gastos com moradia (aluguel, alimentação, manutenção, seguro, etc.) moro na suite de uma casa que tem piscina, alarme, empregada, churrasqueira, duas salas, uma cozinha grande (igual à 2/3 do dito apartamento) e um escritório no qual estou escrevendo estas linhas. Como? Dividimos a casa em seis, tendo ainda assim um quarto para cada um. Este é um exemplo de como a economia de escala pode ajudar a diminuir custos. Imagine se aplicarmos isso também ao trabalho, à um escritório usado por mais de uma micro-empresa.
Claro, tudo isso requer um convívio, uma divisão de espaço nem sempre trivial. Mas talvez esteja aí mais uma oportunidade de crescimento pessoal e de trabalho.

Aumentando Rendimentos . Uma forma simples de aumentar o rendimento é trabalhar mais tempo todo dia. Mas não parece ser essa a solução para o nosso livro. Temos portanto que agregar mais valor ao nosso tempo trabalhado. Para tanto deve-se focalizar o seu negócio para um nicho especializado de negócio, que esteja em desenvolvimento, produção reduzida para um público de grande valor aquisitivo.
Não pretendo entrar em detalhes aqui, mas imaginemos uma marcenaria. No lugar de fazer banquetas de bar, deve-se pensar em uma marcenaria especializada em Art Noveau. Fazendo seus próprios projetos, agrega-se mais valor à madeira. A mão de obra especializada para este tipo de móvel vem a somar, assim como uma pesquisa de época realizada.

Aproveitando Melhor o Tempo . Outra forma de ganhar mais tempo para atividades não lucrativas é converter o tempo desperdiçado, em particular o tempo gasto com transporte. Profissões sem obrigatoriedade de local, como atividades ligadas à informação (ex. internet), que não dependem de muitas pessoas, profissionais liberais, artesãos, micro-empresas, etc...
Mais uma idéia é desenvolver hobbies que ao mesmo tempo descansem e tragam satisfação, mas que possam também ser explorados financeiramente (ainda que sem esta obrigatoriedade). Culinária, fotografia, agricultura, etc.


Até aqui estamos trabalhando muita teoria. Algumas certamente soarão estranho para um assalariado que mora em um grande centro urbano. Pois vamos então montar um exemplo de estilo de vida que procure juntar essas características. Pode não ser a única solução, mas é uma que andamos trabalhando ultimamente. Chamaremos de Cooperativa, pois melhor nome ainda não nos ocorreu. Uma espécie de Cooperativa de micro-empresários.



Cooperação, diversidade e robustez

Vamos esquecer por alguns instantes essa babação policromática toda e imaginar. E, por favor, evitem se influenciar por idéias de comunidades alternativas, hippies, Santo Daime ou mesmo pela música da Casa no Campo. Vamos ver o cenário e ver como ele se encaixa no que falamos até agora:

A localização rural, embora à uma distância percorrível de bicicleta do centro urbano mais próximo, de dezenas, no máximo uma centena, de almas. Uma hora de uma boa universidade também parece ser fundamental, assim como boa água, terra e telefone.
Esse espaço, pelo qual se paga impostos baratos, se algum se aplicar, dará a área suficiente para nele erguerem-se os espaços de trabalho, de moradia, de hospedagem, de oficina, de aulas e de terra.
O espaço de trabalho deverá ser algo contendo computadores, acesso à internet, sala de reuniões, biblioteca de referência, pranchetas, consultório e o que mais se possa imaginar. Todo o custo disso dividido pelos seus usuários, como será o caso das outras áreas. E ainda teremos a vantagem de ter seu trabalho enriquecido por outros profissionais de outras áreas.
A moradia poderá assumir a forma preferida de cada um. Pode ser uma grande casa com vários quartos e uma cozinha gigante. Pode, querendo mais privacidade, ser uma casa atrás do morro, separada. Pode ter um grande dormitório para a criançada. Fica ao critério do freguês.
Oficinas. Como vimos, o trabalho de artesão é uma oportunidade de agregar bastante valor ao seu tempo. Assim encontramos espaço para uma marcenaria, pintura em porcelana, oficina de ferro batido, cozinha semi-industrial, oficina de cerâmica, e o que mais vier...
A hospedagem terá a função de viabilizar vários outros negócios. Cursos de marcenaria ou pintura para executivos, eco-turismo, workshops e palestras, clínica de homeopatia, recuperação pós-operatória, reunião de grupos-tarefa para projetos desenvolvidos lá... Este meio terá um relação com o espaço de aula (auditório, sala...)
Terra será o espaço para apicultura, jardim de cheiros, horta homeopática, pomar e outras atividades que poderão fornecer até matéria prima.

Com estas idéias esperamos que se possa pagar menos impostos, fugir dos "custos-redemoinho", fazer economia de escala, deixar de disperdiçar tempo, morar em um lugar agradável, enriquecer o convívio e o trabalho... E ainda levamos a vantagem de que com o aumento da diversidade de atividades aumenta a robustez do sistema. Se uma atividade vai mal, as outras podem estar indo bem, dar apoio e aproveitar os profissionais da outra área para enriquecer o trabalho. Também tem o apoio que uma comunidade pode dar, em caso de adversidades, saúde ou aposentadoria. Sem contar com o peso de m grupo para negociar preços.

Esta pode não ser a única alternativa para atingir estes objetivos, mas é uma que parece-nos ser promissoras. Temos como empreendedores, até o momento, um arquiteto, um geólogo, uma médica e eu, engenheiro. Mas gostaríamos de chamá-los para engrossar este caldo. Nem que cada um faça uma cooperativa do seu lado depois.

Rapadura é doce mas não é mole!

Gente morando, trabalhando, vivendo junta. Isso não parece ser tão simples. A longo prazo é um casamento coletivo! Animos, expectativas, evoluções diferentes. Como colocar isso tudo junto e fazer dar certo?

Eu costumo dizer que não pretendo entrar nessa idéia para que dê errado. E, no meu ponto de vista, a maneira para dar certo é conversa. Bastante conversa e planejamento. Bastante planejamento. Deixar as coisas claras e os riscos estudados. Em linhas gerais seria assim:

1- Sujeitos: acertar com as pessoas que juntas desenvolverão este trabalho. Isto é muito importante pois estará aí um importante fator de sucesso. Lembrar-se de que é um casamento pode ser útil em algumas horas.

2 - Custo e tempo
2.1- definir as atividades que cada um pretende desenvolver
2.2- fazer um plano de negócio para cada atividade, definindo seu capital inicial, público alvo (e localização), infraestrutura básica.
2.3- fazer um orçamento global e estudar alternativas (começa com uma estrutura básica, com o tempo expande. começa em um sítio arrendado, começa com tudo montado...)
2.4- definir cronograma levando-se em consideração o tempo mínimo para juntar o capital inicial e os anseios de cada um (estudos, esperiência...)
2.5- sincronizar os planos de vida de todos os envolvidos

3- Ao mesmo tempo deve-se decidir e deixar claro questões básicas como:
3.1- partilha de investimentos
3.2- partilha de lucros
3.3- partilha de custos
3.4- políticas de ajuda mútua
3.5- adimissão de novos cooperandos
3.6- demissão de cooperandos
3.7- organização e atribuição de direitos e deveres



O Freguês Fala

Bem, estas são algumas das idéias que eu tinha na caixola e que queria dividir. Agora eu gostaria muito de saber a opinião de vocês, de receber sugestões e engrossar o caldo.
Espero que estas linhas sejam úteis para alguma centelha de pensar.


: Assista ao show da vida: desligue sua TV!!
: Alimentação - saúde e disposição
: Amigo da Escola
: Simplicidade Voluntária
: Cohabitação (morando com mais gente)
: Saia do engarrafamento!
: Histórias que se contam

: Voluntariado Caferomano

: Artigos & Ensaios



: Condomínio de Amigos (Ecovilas)
: Permacultura
: Walden II (livro do Skinner)