Trangênicos
sem cautela
por Dion e pela lista
Trangênicos certamente são uma grande
invenção. Entretanto, seu emprego sem o devido estudo
de impacto no ambiente e na alimentação pode ser
perigoso. Graças à grande vontade de empresas com
grande poder econômico que desenvolveram transgênicos
comerciais, este risco está muito presente.
O IDEC,
institudo de defesa do consumidor fez uma pesada campanha para
que o cultivo comercial dos trangênicos fosse proibido no
Brasil até que maiores estudos fossem feitos. Hoje a maior
parte da cultura de soja e trigo dos Estados Unidos e da Argentina
é trangênica ( que gerou em grandes perdas na exportação
destes países).
A liberação do plantio de soja transgênica
pela Medida Provisória do Governo Lula foi, na minha opinião,
irresponsável. Afinal, não se deve aplicar uma medida
provisória em algo que provoca danos permanentes (o espalhamento
do pólen de plantas geneticamente modificadas contamina
lavouras não transgênicas, como aconteceu com lavouras
de milho nos EUA).
Existem relatórios interessantes e profundos
preparados no
Relatório Alfa e na Rachel's
List (disponível em inglês e espanhol). Vale
a pena se informar.
Abaixo trechos de discussão da nossa lista:
Caros amigos,
Peço atenção especialmente nos seguintes
trechos (a) e (b):
a) "Os especialistas comprovaram que esta toxina
permanece na terra durante pelo menos 234 dias (o período
estudado mais longo) e se protege da biodegradação
fixando-se em partículas do solo." (Minha opinião:
Ou seja, pelo menos 234 dias pois o estudo não foi mais
longo. Outro modo de dizer seria: "dentro do período estudado
a toxina permaneceu na terra
infinitamente").
b) "Existe risco de que insetos aos quais não
esteja dirigida, e
inclusive outros organismos mais elevados na cadeia alimentar,
sejam
afetados pela toxina". (sem comentários).
Em Tribuna da Imprensa - Tribuna Online (www.tribuna.inf.br)
04/12/99
(na íntegra)
Milho transgênico libera toxina prejudicial
à terra
PARIS - A toxina inseticida secretada pelo
milho geneticamente modificado se espalha
pela terra vizinha e permanece nela durante
meses. Em laboratório, continua sendo mortal
para os insetos durante 25 dias, trazendo o
risco de matar outros insetos, além dos
prejudiciais para o milho, informou artigo
publicado na última quinta-feira pela revista
"Nature". Cientistas da Universidade de Nova
York (EUA) e da Universidade de Caracas
(Venezuela) analisaram a terra ao redor das
plantas de milho modificado e detectaram uma
espécie concebida para expelir uma toxina
inseticida chamada Bt.
Esta toxina impregna a planta e mata os
insetos que a atacam, pois, ao consumí-la,
ingerem o inseticida. Os cientistas
detectaram a toxina Bt tanto no líquido que se
desprende das raízes do milho quanto na terra
ao seu redor. Cerca de 20% do milho
semeado no ano passado nos Estados Unidos era
milho geneticamente modificado. Ou
seja, aproximadamente 6 milhões de hectares.
Os especialistas comprovaram que esta
toxina permanece na terra durante pelo menos
234 dias (o período estudado mais longo) e
se protege da biodegradação fixando-se em
partículas do solo.
Além disso, em laboratório, estas
partículas
continuam tóxicas para as larvas de insetos
durante 25 dias depois dos quais perdem suas
propriedades inseticidas. Como o estudo
foi realizado com o milho crescido em estufa,
os cientistas explicaram, de forma prudente,
que não têm "nenhuma indicação" sobre
como
tal toxina, presente na terra, em pleno
campo, pode afetar as formas de vida. No
entanto, estimam que "pode haver um risco" de
que afetem outros insetos não prejudiciais ao
milho e aos quais, em princípio, não está
destinada.
Como mostrou a experiência realizada em
laboratório com as borboletas Monarca, a
toxina Bt pode ser mortal não só para os
insetos prejudiciais ao milho, mas também para
outras espécies. "Existe risco de que insetos
aos quais não esteja dirigida, e inclusive
outros organismos mais elevados na cadeia
alimentar, sejam afetados pela toxina",
concluíram os pesquisadores. Segundo afirmam,
é preciso fazer estudos complementares
sobre "o que acontece no subsolo".
Outro risco destacado pelos cientistas
é que
"a toxina Bt,
presente no solo, possa provocar uma seleção
de insetos resistentes à toxina", embora
também possa ajudar a controlar ataques dos
insetos prejudiciais. Finalmente, reforçaram
que a toxina secretada pelas raízes e
espalhada pelo solo se agrega à que cai na terra com
o pólen e à presente nos resíduos vegetais
que ficam no solo no momento da colheita.
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Lista de discussao QUALIVIDA-L
atualizado em 15/12/99 por dion@caferomano.org Será
re-atualizada por cyro@linkway.com.br