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Sobre
a organização e liderança
A liderança no Tibá deve sempre atuar como um facilitador,
como uma pessoa que ajudar o grupo a encontrar seus caminhos da
melhor maneira possível, na forma de uma liderança
em círculo. Deve-se observar que o poder não é
detido por uma pessoa, mas que este acontece através desta
pessoa, com as outras pessoas envolvidas. É a diferença
entre o "poder com" e o "poder sobre".
Para tanto, o líder deve ajudar a levantar as informações
necessárias e procurar dar às reuniões de trabalhos
uma dinâmica que propicie a comunicação colaborativa,
a auto-observação, a reflexão, a paciência
e a audição sem julgamentos. Nos trabalhos devem ser
respeitadas a pontualidade, a confidencialidade e a sabedoria na
partilha do tempo.
Cabe também ao líder buscar o equilíbrio entre
a tarefa ou objetivo a ser cumprido, o processo para cumprí-lo
e as pessoas (relacionamentos) que participam. Se muita atenção
for dada à tarefa, o objetivo pode ser alcançado,
porém sem que os envolvidos sejam devidamente ouvidos ou
causando desconforto entre os participantes. Se muita atenção
for dada ao processo, ou à relação entre as
pessoas, então o objetivo final pode ser prejudicado. Uma
forma de buscar este tipo de equilíbrio é contar com
a participação de voluntários do grupo que
se encarregam de observar o desdobramento da reunião e intervir
sempre que for necessário.
Outras ferramentas existem para facilitar este tipo de trabalho
em grupo. Uma reunião pode ter um exercício de harmonização
no seu começo, para promover empatia. Danças ou jogos
podem ser intercalados quando os trabalhos se estenderem, permitindo
dissipar eventuais tensões e mesmo vivenciar situações
ilustrativas da discussão em curso. Círculos de silêncio
podem ser instalados para que cada um possa refletir em profundidade
sobre o assunto e sobre os fatores pessoais que influenciam em sua
decisão, ajudando a resolver impasses.
Os processos de decisão deverão sempre ter como guia
os valores ou missão do Tibá, preferindo as decisões
que levem a sua prática.
Categorias de tomada de decisão:
Embora deva-se sempre preferir que as decisões envolvam todas
as pessoas aptas do Tibá, o envolvimento de muitas pessoas
para decisões corriqueiras levará a um possível
desgaste pelo longo tempo de tomada de decisão. Assim, deve-se
restringir a exigência do envolvimento de todos às
decisões que envolvem os valores do Tibá, o seu planejamento,
escolha e avaliação de grupos de trabalho e outros
(especialmente quando não forem reversíveis). As outras
decisões devernao ser prioritariamente tomadas por outros
métodos:
- Poder delegado: decisões quotidianas, executivas, referentes
a um grupo de trabalho poderão ser tomadas por seu líder
de forma autônoma. Sua decisão poderá ser explicada
posteriormente ao grupo de trabalho, cuja opinião crítica
contribuirá para o aprendizado do grupo. Esta forma é
menos democrática, porém é mais ágil.
- Decisão pelo grupo de trabalho: as questões referentes
ao planejamento do grupo de trabalho, seu funcionamento, prestação
de contas, entre outras, poderão ser tomadas pelo próprio
grupo de trabalho. Quando a decisão envolver mais de um grupo
de trabalho, os envolvidos deverão ser convidados.
As decisões de grupos de trabalho e de Assembléias
deverão ser tomadas segundo a democracia profunda: o grupo
deve sempre que possível buscar um consenso, uma decisão
com que todos apoiem, mesmo que alguns não concordem. A minoria
da eleição, quando houver, deve sempre procurar argumentar
seu ponto de vista, procurando uma nova proposta. Se ainda não
se chegar em um consenso, então esta minoria é convidada
a ser uma "minoria leal", isto é, convidada a acatar
e apoiar a decisão da maioria, mesmo que não vote
a favor. Caso a minoria não se sinta capaz de compor uma
"minoria leal", então um grupo menor composto de
pessoas "a favor" e "contra" deve se formar
para elaborar uma nova proposta "meio termo" que buscará
novamente o consenso. Uma outra forma é dar um prazo para
esta minoria para angariar apoio à sua proposta, fora da
reunião do grupo. Caso não consiga angariar este apoio,
se torna automaticamente uma minoria leal.
Os trabalhos em grupo poderão contar com reuniões
e com material preparatório, que deverão ser explorados
pelos participantes. Um participante não deverá obrigar
o grupo a voltar a assuntos já discutidos previamente devido
à sua ausência nas reuniões preparatórias
ou estudo preliminar.
Todos os grupos do Tibá deverão buscar meios para
que todos os interessados desenvolvam sua capacidade de liderança
e se aperfeiçoem, de forma a sempre ter líderes disponíveis.
Podem ser realizadas oficinas entre os líderes (em exercício
ou não) para trocar experiência e aprender uns com
os outros. Quando faltar competência internas, deverão
se buscar fontes de aprendizado externas para suprí-las.
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