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O que encalha a vida?
Relato da ciclo-passeata realizada no dia 22 de Setembro em São Paulo


São Paulo, 22 de setembro, 18 horas.
Com os 130km diários de congestionamento, parece que o Dia Internacional sem Carro não foi praticado em São Paulo.
Numa cidade em que as pessoas preferem desrespeitar o rodízio e correr o risco de pagar uma multa de mais de R$ 100,00 para não deixar de usar seus carros, uma iniciativa como o Dia sem Carro parece utópica.
Mas a partir das 18h, na esquina da av. Paulista com a Consolação, um grupo de ciclistas dispostos a provar o contrário começa a se reunir.
A convocação para a manifestação foi feita a partir do grupo da Bicicletada, que promove ciclo-passeatas mensais em São Paulo há um ano, buscando conscientizar os motoristas sobre os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte e sobre os direitos dos ciclistas.
Ciclistas de todos os bairros da cidade começaram a se juntar no início da avenida. A manifestação teve cobertura da imprensa, com apresença de redes de televisão e jornais. A abordagem ainda era pelo aspecto inusitado da manifestação. A presença do ciclista, cada vez maior nas ruas de São Paulo, ainda causa estranhamento...
Às 19:30, com um grupo de aproximadamente 70 ciclistas, a manifestação inicia-se.
Com faixas e cartazes e máscaras anti-poluição, o grupo toma a pista da direita da avenida, em meio ao um grande congestionamento.
Então fica evindente a situação caótica a que chegou o trânsito de São Paulo: a ciclo-passeata não interfere no trânsito. Desloca-se junto com ele, a uma velocidade média de 8km/h.
Ciclistas saem do grupo e misturam-se aos carros, distribuindo panfletos aos motoristas, com diversas mensagens. Alerta-se sobre a poluição, sobre o excesso de carros nas ruas, sobre o uso indiscriminado do carro, sobre as regras de trânsito que protegem o ciclista. Oferece-se a solução do ciclismo.
A receptividade por parte dos motoristas foi, em geral, excelente. Numa situação de fragilidade, expostos ao stress do trânsito diariamente congestionado, a mensagem dos ciclistas teve um impacto ainda maior. No total foram distribuídos aproximadamente 2.000 panfletos.
A manifestação transcorreu tranqüilamente, em clima de festa. O grupo foi até o Paraíso e retornou ao ponto de partida.

O objetivo da Bicicletada se cumpriu: a presença do ciclistas se impôs na rua, ontem. O contato direto com o motorista foi realizado. Ver bicicletas se deslocando facilmente em meio ao trânsito parado despertou, sem dúvida, reflexões nos motoristas, acostumados a considerar o carro o melhor meio de transporte.
A Bicicletada acredita que a mudança é feita na rua, junto ao motorista; no contato direto entre pessoas está a possibilidade de conscientização. Sem dúvida muitos dos motoristas que tiveram contato com o grupo ontem deverão adotar uma atitude solidária ao ciclista.
Ontem, nessa cidade de 5 milhões de carros, um grupo de cidadãos questionou o modelo de locomoção adotado e levou esse questionamento a outros cidadãos, sem intermediários, sem representantes.
Esta foi uma ação importante, da qual todos os ciclistas devem se orgulhar.
Assumimos nossa responsabilidade, não esperamos que resolvam o problema por nós.
Nas Bicicletadas, estamos promovendo a mudança. A Bicicletada, mais que uma manifestação mensal, é uma prática cotidiana, que revela não somente um meio de transporte, mas uma nova perspetiva sobre a cidade, capaz de torná-la, finalmente, um espaço para pessoas.
O movimento continua!João Campos
www.bicicletada.org
A mídia esteve presente nesta manifestação, confira:
» Globo - Jornal SPTV - Ao vivo
» Diário de São Paulo - 23 de Setembro
» O Estado de São Paulo - 23 de Setembro
» ESPN - por Renata Falzoni
Outras matérias sobre o Dia Sem Carros:
» Globo - Jornal Hoje
» Globo - Bom Dia Brasil


Saia do engarrafamento!