
Caro Sr. Fabricio Samahá,
em resposta ao seu artigo, publicado em "Best" Cars
Web Site (http://www2.uol.com.br/bestcars/editor.htm), sugiro
a leitura do que segue abaixo.
Ainda assim, caso o Sr. não entenda como o automóvel
afeta nossas vidas, ou caso queira maiores detalhes, poderei completar
todas informações, indicar artigos científicos,
pesquisas, estatísticas, enfim, tudo que for necessário
para melhor compreensão do tema (o que se faz muito necessário
antes de iniciarmos qualquer debate).
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Sobre o Dia Mundial Na Cidade Sem Meu
Carro
Não se trata da mera questão
de vedar o tráfego motorizado em algumas ruas, ou acabar
com automóveis, mas sim uma oportunidade para deixar o
carro em casa, e descobrir outras formas de transporte e de viver
este dia sem sentir restrições à sua mobilidade.
Ao mesmo tempo, debater sobre a questão da mobilidade urbana
(congestionamento, segurança, etc.), e ambientais, como
qualidade do ar, redução do ruído e a prevenção
do efeito estufa.
Um debate que promova o desenvolvimento das cidades com qualidade
de vida, através de um conceito de transporte consciente,
sustentável, ecológico e participativo; que promova
a paz e a cidadania no trânsito; que contribua para a eficiência
energética e combata a emissão de agentes poluidores,
sonoros e atmosféricos; entre outras razões.
Criar um ambiente propício aos cidadãos para se
deslocarem a pé, de bicicleta ou utilizarem os transportes
públicos, em vez do automóvel privado, e com isso
redescobrir sua cidade, os seus habitantes e o seu patrimônio,
num ambiente mais saudável e aprazível.
Descobrir que menos carros nas nossas zonas urbanas é sinônimo
de maior qualidade de vida para os seus cidadãos.
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Custos para sociedade
O ar limpo é essencial para a saúde e para o ambiente.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a
contaminação atmosférica, originada principalmente
pelo tráfego automóvel, é a responsável
direta, somente na Europa, por 25 milhões de casos de doenças
respiratórias em crianças e por 32 mil mortes, em
cada ano. No mundo todo, são 2 milhões de crianças
com menos de 5 anos que morrem por ano por doenças respiratórias,
muitas delas geradas ou agravadas pela poluição
atmosférica nas cidades.
A velocidade e a intensidade das mudanças no sistema climático
da Terra, principalmente nas últimas décadas, desenham
um cenário preocupante, e têm sido motivo de pesquisas
dos cientistas, de adoção de medidas severas dos
órgãos ambientais, e de negociações
entre os líderes mundiais, para restringir a emissão
de gases poluentes.
Devido ao modelo de desenvolvimento baseado na queima de combustíveis
fósseis, como petróleo e carvão mineral,
os gases causadores do efeito estufa, principalmente dióxido
de carbono, têm sido lançados na atmosfera em quantidades
cada vez maiores, afetando o clima do Planeta de forma imprevisível.
As conseqüências para o meio ambiente e para toda a
humanidade poderão ser catastróficas, como a diminuição
da cobertura vegetal, o descongelamento de geleiras e calotas
polares, secas cada vez mais prolongadas, aumento da freqüência
e intensidade de eventos climáticos extremos, como enchentes,
furacões e tempestades, entre outros.
Uso do automóvel é subsidiado pela sociedade
Os custos sociais dos congestionamentos compreendem o consumo
adicional de combustíveis, a perda de horas de trabalho,
lazer e convívio familiar, os custos de expansão
e manutenção da malha viária, os custos impingidos
aos sistemas de saúde no atendimento a acidentados e vítimas
de doenças advindas da poluição do ar e os
custos gerados pelos ataques das substâncias poluentes a
materiais e ao patrimônio arquitetônico. Para São
Paulo estima-se os custos dos congestionamentos, que já
chegam a atingir 200 quilômetros de extensão, em
cerca de 6 bilhões de dólares anuais. Os gastos
com a expansão e manutenção da malha viária,
de acordo com o orçamento municipal, giram em torno de
1 bilhão de dólares. Os custos impingidos ao sistema
de saúde, ainda não quantificados para esta cidade,
devem ficar entre 220 milhões e 4 bilhões de dólares,
faixa calculada a partir de comparações internacionais.
Sem considerar os danos ao patrimônio arquitetônico,
a soma dos custos sociais do uso do automóvel, para São
Paulo, varia entre 7 e 11 bilhões de dólares, algo
próximo de 7% do PIB da região. Mundo afora, estimativas
indicam que o subsídio ao automóvel varia, como
percentagem do PIB, de 2,5 % em alguns países em desenvolvimento,
a 4,6 % na Europa e 12 % nos EUA.
Portanto, a sociedade gasta por ano em São Paulo - e não
deve ser muito diferente no Rio de Janeiro - de 1,5 a 2,2 mil
de dólares por veículo, gastos estes nem de longe
cobertos pelas taxas pagas pelos usuários, como o IPVA
e outros impostos embutidos nos preços dos combustíveis.
Em termos per capta, cada cidadão de São Paulo contribui,
em média e através de impostos diretos e indiretos,
com algo entre 450 e 730 dólares por ano, para que a parcela
da população detentora e usuária de automóveis
possa dispor deste modo de transporte.
Existem hoje cerca de 800 milhões de veículos motorizados
circulando em nosso planeta. Em 2030, a perspectiva é de
que este número chegue a 1 bilhão. Os habitantes
das grandes cidades terão que conviver com os efeitos da
poluição do ar, com seu espaço habitável
cada vez mais invadido pela malha viária e com altos níveis
de ruído e de congestionamentos. Os efeitos do uso intenso
de automóveis vão além das cidades. Em termos
globais, a principal conseqüência gerada pelos poluentes
automotivos é o aquecimento da atmosfera. O IPCC, órgão
científico da ONU, tem advertido sobre os perigos de continuarem
as emissões de gases estufa no ritmo atual: antes do final
do próximo século, a temperatura média global
do planeta estará 4o C acima da encontrada no período
pré-industrial. Isto vai provocar fortes mudanças
climáticas - intensificando fenômenos já encontrados
em algumas regiões, como secas ou fortes chuvas, furacões,
maremotos. Outra conseqüência será a elevação
do nível do mar, pela expansão térmica da
água dos oceanos e pelo degelo parcial das calotas polares,
o que é preocupante para países com grandes áreas
de altitude próxima ao nível do mar.
Além dos desastrosos impactos à saúde, a
invasão maciça das cidades pelos carros tem fortes
impactos na qualidade de vida das populações. Los
Angeles é, provavelmente, o melhor exemplo de cidade totalmente
dominada pelos carros. A cidade tem 55% de sua superfície
ocupada por pistas de alta velocidade e inúmeros estacionamentos,
nos quais os não motoristas são socialmente marginalizados
e os motoristas gastam em média sete anos de suas vidas
presos em congestionamentos.
(REPAREM na última frase do parágrafo acima, me
causa arrepios)
PARA FINALIZAR
Se tudo isso não fosse verdade, porque então cerca
de 1000 cidades e mais de 98 milhões de pessoas participaram
desta última jornada Na Cidade Sem Meu Carro?
Aqui no Brasil, a cidade que mais se destacou nesta data foi Curitiba.
Ao ouvir depoimentos dos seus cidadãos, percebemos a grande
satisfação num dia que foi marcado pela paz, ar
limpo, sem ruido, e muito mais agradável. No momento em
que as pessoas sentiram na pele os benefícios dessa jornada,
pode apostar que no próximo dia 22 de setembro a adesão
será ainda maior.
Atenciosamente,
Cristiano Hickel.
Bibliografia:
Diretiva Européia (96/62/CE)
Greenpeace
Feema – Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente/RJ
Agenda 21 Brasileira/MCT/MMA
International Energy Agency
E-mail para contato: aguasdosul@yahoo.com.br